11 julho 2007

Metamorfoses


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,


Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e ,
Não sei sentir-me onde estou.
Fernando Pessoa

4 comentários:

Sea Spirit disse...

Um poema lindo! Nao fosse ele de Fernando Pessoa...

E uma foto à altura ;))))

Miss Marlowe disse...

:-)

Great Houdini disse...

Muito bom inspirador, boa ligação entre a imagem e a foto!

Miss Marlowe disse...

não repararam na embalagem de discos desmaquiladores lá atrás (na foto)? eh eh coisas de amadores eh eh